Sonhava que, ainda criança, no velho chalé de meu pai, derrubava da mesa um cálice de cristal de minha mãe, que espatifava-se em mil pedaços, ao som de algum barulho da rua que, incorporado ao sonho, despertou-me do sono já leve. Abrindo os olhos lentamente para a sala do kitnet no Ferrugem, deitado no velho colchão de solteiro repousado no chão, vejo as paredes iluminadas apenas pelos feixes de luz dos postes, projetados através das frestas das venezianas. Pela ausência da luz do sol e também por minha disposição, julgo qualquer coisa entre quatro e cinco da manhã. Aproveito a interrupção para ir ao banheiro e, entrementes, percebo que não voltaria a dormir. Penso que melhor assim, pois inicio a semana cedo, a primeira ordem do dia sendo o café, divisa entre a prostração e o labor. Dirijo-me à cozinha para servir a água e ligar a cafeteira enquanto preparo um pão francês com patê, que engulo com um gole do café preto.
Sem o jornal para ler e cedo demais para ir à banca, abro as venezianas pela luz da rua e sento à pequena mesa redonda para ler o material que dona Elígia Albino Machado me trouxera no final da sexta, em lágrimas, do marido que desconfiava traí-la. Eu havia lhe garantido resultados, o que não a consolou, mas bastou para lhe tirar da sala e permitir-me encerrar o expediente. Nesse tipo de trabalho, sabendo os detalhes do marido e sua rotina - pelo menos aquela conhecida pela cônjuge - bastam alguns dias de observação sigilosa (e entediante) para obter-se alguma evidência de luxúria. No pior caso as horas se acumulam até o ponto que julgo suficiente - pois se depender das clientes a monitoria não teria fim - e apresento semanas de ausência de provas como prova de ausência, princípio esse nunca aceito pelas senhoras, e melhor assim, pois não voltam a trazer-me semelhantes casos - como são enfadonhos, busco adiá-los, mas sendo esse o único em minha pasta rendo-me a sua leitura.
Sentado à mesa fitando o documento sobre o marido, César Machado, ainda que fornecido por uma esposa desconfiada e portanto pouco objetiva, logo percebo que se encaixa no perfil dos adúlteros de costume, apesar desse ser bastante variado. Executivo com viagens frequentes, bem remunerado, portanto com tempo e liberdade para perambular, com filhos e da mesma idade de Elígia - 41 - suficiente para não lhe ter mais a atração de outrora... Basta. Pessoalmente nunca cedi a semelhantes tentações, mas não condeno aqueles que a elas sucumbiram. Afinal como poderia, eu, atirar a primeira pedra? Se o que fiz não foi trair a quem mais me amou...
Sigo a leitura do material, bem preparado por Dona Elígia, que era freguesa, não por andanças anteriores do marido, mas pela irmã caçula, Alberta, que desaparecera há alguns anos, em um caso de fuga com o namorado - o segundo mais comum em minha pasta. O documento descreve a rotina de César, que toma café em casa e sai pontualmente às sete com seu Civic prata para o trabalho no centro - meu primeiro destino, penso - enquanto Elígia leciona no bairro universitário. Almoça perto do trabalho com sócios ou clientes, e volta à noite para a casa de dois pisos no Jardim Brasil, nos subúrbios, qualquer coisa entre seis e oito horas. Descreve ainda suas viagens, mas como não estavam previstas para aquela semana deixo para um segundo momento, e passo a consultar o mapa por rotas entre casa e trabalho enquanto busco na memória pontos de interesse entre os dois. Motéis, hotéis e pousadas, cafés e restaurantes, lojas de roupas femininas, joalherias, casas de senhores, e outros estabelecimentos convenientes ao adúltero.
Mentalizadas as rotas, decido partir e terminar a leitura in loco. Visto a polo cinza empoeirada e a calça jeans envelhecida, já com a marca da carteira no bolso traseiro, e desço à garagem para ligar a Fiorino picape cinza, que custa a pegar devido ao frio e ao motor a álcool. Carro de serviço típico, mantenho ainda uma escada na caçamba, tanto pela aparência de estar ali realizando algum trabalho ordinário, o que garante a ignorância dos observados, como pela utilidade na escalada de muros. Saio antes do raiar do sol, protegido do sereno pelos vidros embaçados e o ar quente do carro, e observo no caminho algum local que porventura deixara passar, dirigindo-me ao trabalho de César para reconhecer terreno.
Chegando no centro, que começa a acordar, paro apenas para comprar um jornal, que passo a folhar ao estacionar próximo à firma de Machado, no décimo andar do Edifício Egeu, prédio de vinte e três andares com vidros espelhados e fachada imponente. Com a claridade do sol nascente leio o pouco que há de interessante, incluindo a previsão de chuva para o final da semana e o jogo do Ferrugem, e passo a observar os transeuntes, que chegam junto dos raios amarelados a leste e da matiz azulada da manhã nascente. Trabalhadores, estudantes, atletas. Me boto no lugar de César e observo as mulheres. Jovens do cursinho com mochila nas costas ou livros às mãos, que acendem em alguns homens uma chama pela pele ou sorriso ainda sem as marcas do tempo, da qual não compartilho, e que adivinho ser também o caso de Machado. Sem paciência para a inocência, sua puerícia me enjoa, e quanto mais bela ou casta tanto mais me julgo indigno. Junto delas observo jovens adultas e senhoras indo ao trabalho, de vestes simples como as minhas abrindo lojas, ou de saia grossa, blazer e bolsa ingressando no Egeu, colegas ou subordinadas de César, suspeitas usuais, penso, além de jovens fidalgas e velhas donas com trajes de corrida, que não excluo como potenciais amantes, principalmente as de corpo jovem e esbelto.
Volto os olhos para dentro e passo a folhar o perfil, em que Elígia conta que o marido pouco lhe fala da família, o que a fazia suspeitar origens humildes. Sabia que perdera a mãe cedo, para alguma doença imprecisa, e que tinha grande desafeto pelo pai, que julgava alcoólatra, e pelos irmãos, que dizia vagabundos. Era rígido na educação dos filhos, trabalhara durante décadas na mesma firma, crescendo até a posição de executivo, mesmo sem educação formal. Segundo a mulher, que detalhou um perfil e não apenas possíveis amantes - como sabia ser exigência minha - César era visto pelos subordinados como exigente, mas justo, e pelos pares como sereno, mas focado. À primeira vista parecia reunir o necessário para uma traição como válvula de escape. Alguém cujas origens deram poucas opções caso quisesse superar sua condição senão a autodisciplina - cujos limites a vida porventura testa. Uma de várias possibilidades. Passo pelas fotos de Machado - um metro e oitenta, do peso certo para a altura, cabelo recém grisalho, barba feita em todas, sempre de camisa social - um retrato do seu trabalho, sua identidade, penso. Sinto, porém, que vejo apenas a camada exterior de um recipiente opaco e intransponível.
Ligo a rádio e aguardo pela chegada de Machado, enquanto sigo observando aqueles que habitam a região e seus estabelecimentos. Na esquina o Egeu, imponente, e à esquerda uma pequena galeria com uma conveniência, de onde já planejo adquirir um café, além de um restaurantes executivo - e outro no lado oposto da rua - uma loja de móveis, e uma ótica. Ao lado da galeria um pequeno prédio abandonado, seguido de dois outros grandes prédios relativamente novos, o BLZ, da construtora de mesmo nome, com altura e arquitetura semelhantes ao Egeu, e o Cosmopolita, com menos andares, fachada mais simples e salas menores, ambos abrigando dezenas de escritórios, e centenas de potenciais companheiras de Machado. Do outro lado da rua, ao lado do restaurante de frente ao Egeu, uma farmácia e um bar compunham o térreo de um prédio residencial, e ao seu lado uma pequena loja de bijuterias, além de um prédio comercial maior, hospedando um centro de exames de imagem. Na esquina, um grande mercado completa a quadra do trabalho de Machado, majoritariamente comercial.
Às sete e dez um Civi prata adentra o estacionamento do Egeu, o qual sigo após um tempo. Iniciam-se assim os trabalhos propriamente ditos, penso. Estaciono ao lado, pego uma caixa de papelão, desço e, sem parar para não levantar suspeita a uma eventual câmera de vigilância, verifico que a placa é a de César, conforme fornecida por Elígia. Pego o elevador ao térreo, e ao abrir da porta verifico as placas dos estabelecimentos no grande mural de trás da recepção. Enquanto caminho em direção ao recepcionista sigo lendo as placas, decorando o que posso sobre os condôminos - escritórios de advocacia, médicos, dentistas, a empresa de logística de César... Indago o funcionário sobre o andar de um doutor qualquer, para quem eu teria uma entrega, discuto e peço por mais informações diante da negativa, enquanto sigo lendo, e enfim volto ao estacionamento. Parando ao lado da Fiorino finjo procurar pelas chaves enquanto espio para dentro do carro de César, em que vejo apenas algumas pastas com documentos. Tiro o carro de volta à rua e pego um café na conveniência, que, convenientemente, me dá vista da saída da garagem do Egeu.
Cafeinado, caminho pelo bairro enquanto aguardo o almoço de César, buscando entrar em cada rua das quadras que rodeiam o Egeu. Observo o comércio e as pessoas, imagino alguns locais de encontro potenciais, mas não havendo nada notável retorno ao carro. Com os vidros abertos e ouvidos atentos, lanço olhares à saída do estacionamento a todo movimento proveninete daquela direção, entre as palavras cruzadas e revisão do mapa do bairro dos Machado - nenhum Civic. Monto em minha cabeça algumas rotas e retomo a leitura do material tentando reunir as peças fornecidas por Elígia - o marido distante dos filhos, fechado consigo, sem o apetite de outrora, com reuniões até tarde mais frequentes que o usual, barro nos sapatos, um cheiro diferente (mas não de perfume)... Conhecera outra, fora à sua casa à noite, atravessara o jardim, já virara rotina... Com a mente agitada e confusa, dou mais uma volta, e paro em outra conveniência para comprar uma água e usar o banheiro.
Por volta do meio dia avisto pela janela do motorista César saindo a pé, conversando com dois outros homens de traje social, um deles com uma pasta em mãos. Acompanho-os atravessar a rua, e então pelo espelho da Fiorino enquanto dirigem-se ao restaurante logo atrás. Após entrarem, desço e tenciono seguir, mas diante dos preços anunciados à porta e do honorário concedido por Elígia, além do provável assunto de negócios, opto por um cachorro quente da conveniência e o retorno à Fiorino. Engolido o pão mole com auxílio d'àgua de mais cedo, aguardo a saída de Machado, que regressa ao Egeu, enquanto eu sintonizo no programa esportivo que deixo de fundo para minha sesta. Acordo por volta das duas e o resto da tarde passa monótona, bem como os dias seguintes, em que porventura estaciono a Fiorino na garagem do Cosmopolita para retirar de vista e não chamar a atenção do observado mediante repetidos dias próxima de si, estabelecendo-me ora em uma conveniência, ora n'outra, ou então à calçada. A observação dos hábitos e a leitura do livro aberto produzido pela mulher, expondo detalhes íntimos da vida do observado, geralmente espanta de mim a sensação de estar diante de algo inacessível e inatingível geralmente causada pelo tipo executivo, mas no caso de César, sigo vendo-me diante de algo sólido, superior.
O sol de quinta começa a baixar, o céu começa a tomar seu tom alaranjado. Os empregados deixam os escritórios, a maioria retornando ao lar, alguns rumam ao mercado, outros ao bar, cada um com algo ou alguém diferente lhe esperando em casa, e levando consigo o peso de um dia porventura igual aos anteriores, mas único entre as demais pessoas, se não pelas atividades desempenhadas, pela forma como as experimentou, forjada pelas experiências passadas, que moldam seus desejos e aspirações futuras. Da garagem do Egeu, cujas vidraças refletem o sol laranja em um ângulo ofuscante, forçando-me a estender a mão para tapar seu brilho, vejo sair o Honda de César, um pouco mais cedo que o usual, e sigo-o no retorno à casa.
Sem pensar muito no trajeto, que já tornou-se habitual, o sol poente penetrando o para-brisa, forçando-me a baixar o para-sol e abrir o vidro para liberar o calor, deixo-me levar pelo fluxo do trânsito, que à essa hora corre lento e permite difundir a atenção ao horizonte que contorna a vista, sob o qual avançam tons rosados e vermelhos à medida em que a noite avança sob o dia, enquanto sigo em direção ao subúrbio, deixando para trás o calor do dia e a agitação do centro.
Entrando no Jardim Brasil, o Civic dobra à direita onde normalmente seguiria em frente. Bairro completamente residencial e habitual a César, e não havendo nada planejado para a semana na pasta fornecida pela mulher, não me vem a mente nada que justifique tal desvio, senão uma visita conjugal. Com a atenção redobrada, deixo a distância entre mim e o Civic aumentar intuitivamente, como se temesse ser descoberto. César não para mais que o normal nas esquinas nem reduz nas retas, o que ameniza meus instintos. Já subúrbio adentro, em região não plenamente desenvolvida, a maioria dos terrenos ainda a venda, aumento a distância a ponto de quase perdê-lo de vista, dado que outros carros já são remotos. Vejo o Honda chegando ao fim da via calçada, havendo uma última rua à direita para retorno, antes de seguir em chão batido, para uma área com mato à direita e lotes à esquerda. Vejo a poeira reluzir a luz de freio do Civic, que segue em ritmo reduzido mato adentro. Sei que a estrada de chão não leva muito adiante, com poucas ruas laterais, vazias. Sendo assim, e sabendo que chamaria atenção se o seguisse, paro a Fiorino ainda na parte pavimentada, em frente a uma das poucas casas, de alto padrão como as demais, jardim à frente com arbustos e decorações - um carrinho de mão com plantas dentro, uma estatueta decorativa de alienígena... E aguardo, julgando ser um local remoto propício para encontros, quiçá inóspito. Cerca de quinze minutos se passam. Sem sinal de César ou de uma segunda parte, desço e sigo a pé em sua direção, observando antes que, além das poucas casas com luzes acesas, a região conta apenas comigo, e César.
Já noite, caminho pelo lado direito, próximo do declive separando a rua da mata que penso usar de cobertura caso o Civic retorne ou a mulher apareça, ouvindo somente os grilos, rãs, e as folhas das árvores. Ando por cerca de duzentos metros sob a luz da lua cheia até ver o carro estacionado em um galpão de madeira em uma entrada aberta no mato, com uma luz amarela passando por pequenos orifícios e pelas frestas entre as tábuas. Encostados no galpão baldes, enxadas, um cortador de grama e outras ferramentas. Não percebendo ninguém do lado de fora e o Civic apagado, ando para o meio e então à esquerda da estrada de terra, deixando o potencial abrigo do mato em troca de uma visão melhor do que está adiante, revelando uma grande casa de alvenaria após o galpão, com dois pisos de pelo menos cem metros quadrados em cada andar, cercada de um belo pátio com arbustos e estátuas que não identifico na penumbra, e de uma grade alta com sebe irregular - possível de pular, penso. Fico surpreso com a existência dessa casa, uma vez que no mapa constava o local como não loteado e eu não a conhecia, mas volto minhas atenções ao galpão, uma vez que dentre os dois é o único iluminado, e onde César logicamente estaria.
Já a cerca de vinte metros do local, volto para o mato, me agacho e reduzo o passo para evitar ser visto ou ouvido. Ouço pelo menos dois homens conversando, me aproximo tentando distinguir o que dizem - "com ela", "da próxima vez", "amanhã" são algumas das palavras soltas que consigo identificar antes de escutar o barulho dos cascalhos de um carro surgindo à distância atrás. Adentro lentamente à vala onde inicia a mata e me deito em uma posição não visível da estrada, mas que também me tira a visão dela. Guiado pelo som das rodas sobre as britas, aguardo o veículo passar. Parando à frente - julgo que próximo de onde está estacionado o de César - ouço duas portas abrirem e fechar, e cumprimentos à distância:
- Ô, sócios! Já começaram?
- Sócios! Sim, sim, entrem, estamos -
Ouço a porta fechar e as conversas se abafam. Busco aproximar-me para ouvir melhor. Enquanto escalo a vala sujando-me no barro irrompe de dentro do galpão o barulho de um rock, que não afeta a orquestra da mata, mas atrapalha minha compreensão da conversa, mesmo aproximando-me das tábuas o máximo que a cautela permite. De qualquer forma fico ali pescando frases enquanto os mosquitos atacam minhas mãos e rosto e fazem-me questionar o preço cobrado de Elígia, ao mesmo tempo em que sinto-me grato pela previsão de chuva não ter concretizado-se. Entendo que combinam algo entre si, que falam de uma mulher, um dos homens fala mais alto que os demais e parece irritado enquanto os outros parecem calmos ou conciliadores. "Sim, vamos!" grita um dos homens, "Amanhã, amanhã", responde o outro. Ao fim da primeira música, consigo escutar mais da conversa:
- O que você acha, César? - diz o homem que fala alto
- Não sei. Nunca fizemos dessa forma, seria a primeira vez.
- E qual o problema? - insiste o homem
- Eu não posso prever o que -- a próxima música inicia
Falam sobre horários e datas, depois passam a falar de carros - ouço Civic - até que a música começa a esmaecer:
- ... só, né? Eu também. - fala um terceiro homem
- Pois bem, está resolvido. E como está o Corolla? - pergunta César
- Sócio, faz só dois meses que -- a próxima música já começa com gritos.
O tempo todo penso que nada daquilo faz o perfil de César. De onde veio, e da forma que age, não deve manter amigos da infância, ou pelo menos não deve meter-se em galpões com eles. Sócios? Do Egeu, ali? Não fazia sentido. Alguma esquisitice ou fetiche, como aqueles grupos de swing, que esconde da mulher e de todos, exceto dos "sócios"? Não parece seu tipo. Antes que eu pudesse chegar a alguma conclusão ouço a música cessar, a porta abrir, e novos cumprimentos serem trocados. Regresso à vala enquanto escuto as portas fecharem e a partida dos carros - primeiro um, depois o Civic de César. Enquanto ouço o barulho dos cascalhos indicar sua partida, uma sensação sutil e breve irradia rapidamente em meu estômago, como se sentisse, por um instante, que de predador passara a ser presa, ao lembrar que havia um homem no galpão quando César chegara e que não viera com ele e também poderia não ter partido junto de si. Percebo porém, pelas folhas das árvores, que a luz do galpão se apaga, e ouço por um ou dois segundos o que parecem passos abafados saindo do galpão em direção à casa. Permaneço deitado até escutar as correias rangentes de um portão de ferro se abrindo e o latir de um cão, que alivia meu estômago. Sem mais barulho de cascalhos, subo lentamente da vala à estrada, observo a casa e vejo uma luz acesa, mas cortinas fechadas. Aproximo-me do galpão. Sem janelas e sem visão para o interior, dirijo-me à porta, espio novamente a casa - sem mudança - tento abrir, mas está trancada. Observo através das frestas da madeira, mas está muito escuro. Decido que voltaria durante o dia para investigar. Retorno às margens da mata e dirijo-me de volta à parte loteada, antes do mato, e em direção à Fiorino. Por que se reuniriam no galpão, havendo ali a casa? A mulher do primeiro homem estaria em casa, para optarem pelo local rústico? Após algumas centenas de metros não penso mais em alguma explicação para aquilo, mas sobre como regressaria no dia seguinte sem chamar atenção, e sobre como a empreitada que assumi para Elígia passava a se mostrar mais trabalhosa do que previ.
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